Bicho-preguiça arrisca a vida para atrair mariposas para sua pelagem

Você sabia que ir ao banheiro pode ser uma tarefa muito perigosa? Pelo menos para a preguiça-comum (Bradypusvariegatus) defecar é uma atividade de risco. O animal desce do topo das árvores para “se livrar de substâncias indesejadas” no solo da floresta. Como o bicho se move lentamente, o processo pode demorar mais de 30 minutos e ele passa a ser uma presa fácil para os predadores a espreita. Só para ter uma ideia, metade das mortes de indivíduos adultos acontece quando os animais são predados próximos do chão. Então, por que o bicho-preguiça gasta tanta energia para chegar ao solo e evacuar se ele poderia fazer isso do alto da copa das árvores?

Uma teoria diz que o bicho-preguiça estaria adubando as árvores para facilitar o crescimento de novas folhas que, mais tarde, seriam consumidas por ele. Mas, segundo um artigo de Jonathan Pauli, biólogo da universidade de Wisconsin-Madison, publicado no periódico científico Proceedingsofthe Royal Society B, o motivo para a preguiça-comum arriscar a própria vida é a manutenção de mariposas em sua pelagem.

O bicho-preguiça se move lentamente nas copas das árvores em busca de folhas para se alimentar. Os movimentos são tão vagarosos que algas começam a crescer em sua pelagem. Esse tipo de locomoção tem um propósito: folhas não possuem muitas calorias e a preguiça tem que conservar energia para sobreviver com uma dieta de baixo valor nutricional.

Algas cobrem os pelos das costas e dos membros do bicho preguiça. O animal fica camuflado na copa das árvores, mas é facilmente avistado quando está no chão da floresta.

Além de melhorar a camuflagem as algas possuem lipídios e servem como alimento complementar na dieta de baixa caloria da preguiça-comum. Quando o animal faz a limpeza da pelagem, as algas aderem nas garras e são ingeridas junto com as folhas quando o bicho se alimenta.

Porém, a lentidão dos movimentos deixa o animal mais vulnerável a predadores. Na copa das árvores, a coloração esverdeada das algas deixa a preguiça camuflada e resolve o problema. O perigo acontece quando o bicho se encontra no solo. E isso ocorre semanalmente, quando ele precisa defecar.

Ao observar asfezes, descobriu-se que mariposas do gênero Cryptoses depositam seus ovos em pilhas quentes de cocô fresco. As larvas eclodem, se alimentam das fezes, viram mariposas e se dirigem para o topo das árvores para achar um parceiro na pelagem do bicho-preguiça.

A princípio essa relação parece beneficiar somente as mariposas, mas como a energia gasta pelo mamífero é alta (8% de suas necessidades diárias, o equivalente a uma caminhada de 30 minutos para um humano adulto) e o risco de predação é grande, os cientistas da equipe de Pauli acreditavam que a preguiça-comum tinha algum tipo de benefício nutricional ao adotar esse comportamento.

Para testar a hipótese os pesquisadores compararam o número de mariposas na pelagem da preguiça-comum e da preguiça-real (Choloepushoffmanni) – que se alimenta de uma variedade maior de folhas e frutos e defeca do alto da copa das árvores. Também foi verificada a concentração de nitrogênio e fósforo na pelagem e a quantidade de algas que colonizavam cada espécie de preguiça.

Os dados mostraram que as preguiças-comuns carregavam mais mariposas, algas e nutrientes em seus corpos do que as preguiças-reais.

De acordo com o estudo, as mariposas estão adicionando nitrogênio à pelagem da preguiça-comum, o que permite o crescimento das algas. Não se sabe ao certo como isso acontece. É possível que as fezes das mariposas estejam nutrindo o pelo do bicho-preguiça com nitrogênio ou que os insetos sirvam de vetores para o transporte das fezes da própria preguiça para sua pelagem.

De um jeito ou de outro, as preguiças-comuns não estão descendo ao chão da floresta para achar um lugar confortável para evacuar. Elas estão providenciando uma “creche” para as larvas de mariposas crescerem. Em troca, as mariposas levam nutrientes que estimulam o crescimento de algas na pelagem do mamífero.

Defecar pode ser uma atividade perigosa para a preguiça-comum, mas os benefícios parecem superar os custos.

É importante você saber: O bicho-preguiça é um mamífero com hábitos de vida noturnos.

Podemos encontrar estes animais em florestas tropicais da América do Sul, América Central e Mata Atlântica.

CLASSIFICAÇÃO CIENTÍFICA:

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Superordem: Xenarthra

Ordem: Pilosa

Família: Bradypodidae

Megalonychidae

Aranha boleadeira

As aranhas-boleadeiras são encontradas na África, na Austrália e nas Américas. Durante o dia descansam e tentam passar despercebidas pelos predadores. Algumas encolhem as pernas e ficam parecidas com fezes de passarinho, outras se enrolam em uma folha para se esconder.

Quando chega a noite, a aranha vai para baixo de uma folha e produz um fio de seda com uma bola pegajosa na ponta. Depois ela pega esse filamento com uma de suas patas dianteiras e o usa como uma boleadeira.

Caçar insetos com essa arma é difícil, mas a aranha tem iscas para atrair suas presas. Ela produz substâncias que imitam os feromônios de fêmeas de mariposas. Os machos, na esperança de arrumar uma parceira, são atraídos pelo cheiro, chegam cada vez mais perto e acabam capturados pela bola grudenta. A boleadeira desce pelo fio de seda, empacota o inseto e continua a caçada. Ela pode variar o cardápio produzindo feromônios diferentespara atrair mariposas diferentes.

Esses aracnídeos são a prova de que o comportamento é tão importante quanto as características físicas na luta pela sobrevivência.

É importante você saber: Araneae (grego: arachne; aranha) é a segunda (ordem) mais numerosa da classe Arachnida, a qual inclui as espécies conhecidas pelo nome comum de aranhas ou araneídeos. São artrópodes que possuem oito pernas e quelíceras que injetam veneno. São encontradas em todos os continentes (com exceção da Antártica) e se estabeleceram em praticamente todo tipo de ambiente terrestre.

PORQUE AS ZEBRAS TEM LISTRAS

Nenhum mamífero tem listras como as zebras. O padrão de linhas pretas intercaladas com brancas é uma característica marcante que fascina turistas e intriga cientistas. Mas qual é a função dessa pelagem única? Para saber a resposta é preciso olhar nas entrelinhas.

Charles Darwin notou que cada zebra possui um padrão próprio (como nossa impressão digital) e sugeriu que as listras serviam para os indivíduos se reconhecerem. Também poderia ser uma forma de identificar os membros da espécie. Porém, zebras que nasciam com padrões totalmente diferentes (predominância do preto, por exemplo) eram tratadas como qualquer outro membro do grupo.

Existe uma teoria que diz que as listras são uma forma de camuflagem. Elas quebram o contorno da zebra e mesclam o animal com a grama alta da savana. No entanto, zebras são encontradas em grupos e é difícil passarem despercebidas pelos olhos atentos de um predador.

Outra hipótese é a de que as listras de um grupo de zebras em movimento podem confundir os predadores fazendo com que eles tenham dificuldade em julgar distâncias e preparar um ataque final. Mas uma vez que o animal é separado do grupo, essa vantagem desaparece.

Também foi sugerido que o padrão listrado serviria para reduzir a temperatura do corpo. Contudo, um corpo totalmente branco reflete mais luz e seria mais vantajoso do que um corpo listrado.

Há ainda uma quinta possibilidade. Na África, a mosca tsé-tsé é a transmissora da doença do sono, que mata seres humanos, bois, cavalos e zebras. No entanto, o número de casos de zebras que contraem a doença é muito menor. Será que as listras poderiam atuar como repelente de insetos?

As listras das zebras poderiam confundir um predador. Quando estão juntas fica difícil definir com precisão o corpo de um indivíduo - Foto: Fábio Paschoal

As listras das zebras poderiam confundir um predador. Quando estão juntas fica difícil definir com precisão o corpo de um indivíduo – Foto: Fábio Paschoal

As fêmeas das moscas tsé-tsé são atraídas por luz polarizada, uma luz de brilho intenso que é refletida pela superfície da água de poças ou lagoas onde os insetos depositam seus ovos.

Um estudo publicado no periódico Journalof Experimental Biology em março de 2012 mostrou que cavalos com pelagem negra refletem a luz polarizada melhor do que os de pelagem marrom ou branca. O estudo também revelou que as listras das zebras refletem luz polarizada e não polarizada alternadamente, o que confunde as moscas e funciona como uma espécie de camuflagem contra os insetos. Porém esse estudo foi realizado na Hungria com modelos de zebras e não com o animal em si. Assim não era possível dizer se isso realmente acontecia nas savanas africanas.

Na semana passada, no dia primeiro de abril de 2014, um artigo publicado no periódico Nature Communications resolveu o mistério por trás das listras das zebras. Tim Caro, biólogo da Universidade da Califórnia, e sua equipe testaram todas as teorias acima em um modelo estatístico e concluíram: o único fator que está altamente associado com as listras é a redução de picadas de moscas.

Os pesquisadores analisaram diferentes padrões de listras encontradas nas sete espécies de equídeos (grupo dos cavalos, burros e zebras) e suas 20 subespécies. Depois a equipe comparou as áreas de distribuição de espécies extintas e atuais de equídeos com as de moscas do grupo da tsé-tsé, de predadores como leões e hienas, de florestas e outros fatores que poderiam influenciar na evolução das listras.

Os dados foram colocados em um modelo estatístico que revelou que a área de distribuição das espécies com listras coincide com a área de distribuição onde as mosCas são mais ativas.

A hipótese ainda precisa ser comprovada, pois não há evidência direta de que isso aconteça. As zebras precisam ser observadas no habitat natural para ver se as moscas realmente picam animais que não possuem listras com uma frequência maior.

Porém, Caro disse em uma entrevista para a NationalGeographic: “Nós passamos o debate para a próxima fase. Podemos descartar todas as outras hipóteses [sobre a função das listras das zebras]”.

O mistério das listras das zebras pode estar chegando ao fim. As evidências indicam: em corpo listrado não pousa mosca.

É importante você saber:A zebra é um mamífero originário (nativo) do continente africano (região sul e central).

CLASSIFICAÇÃO CIENTÍFICA:

Reino: Animalia

Filo: Chordata

Classe: Mammalia

Ordem: Perissodactyla

Família: Equidae

Género: Equus

Verme faz caracol cometer suicídio para perpetuar a espécie

Até onde você iria para garantir o futuro dos seus filhos? O verme parasita Leucochloridiumparadoxum entra em um caracol, promove uma transformação física no gastrópode (mesmo grupo das lesmas e nudibrânquios) e o leva a cometer suicídio. Tudo para assegurar a continuidade da espécie. Mas como isso é possível?

Primeiro, um caracol come os excrementos de um pássaro infectado com ovos de Leucochloridiumparadoxum. Quando os ovos eclodem, os vermes seguem para os tentáculos oculares da vítima. É possível ver a movimentação dentro do corpo do caracol. Os parasitas, que se parecem com grandes cones inchados e pulsantes, passam a controlar o cérebro de seu hospedeiro.

O caracol segue, como se estivesse hipnotizado, em direção às plantas mais altas, em busca da luz (normalmente prefere lugares sombreados). Exposto, ele está condenado.

No topo das árvores, o caracol é facilmente observado. Seus tentáculos pulsantes chamam a atenção das aves como se fossem um letreiro de fastfood. A forma dos vermes confundem os predadores que acham que estão diante de uma larva, uma iguaria muito apreciada entre os pássaros.

Quando o caracol é consumido, o parasita entra no trato digestivo da ave e se desenvolve até a fase adulta. O verme libera os ovos que serão expelidos junto com os excrementos do hospedeiro.

Os ovos caem em uma folha e serão ingeridos pelo caracol que se alimentar dos excrementos da ave infectada. O ciclo de vida do Leucochloridiumparadoxum está completo, e uma nova geração de vermes pode seguir controlando as mentes de caracóis indefesos.

É importante você saber:

Phylum: Molusco

Classe: Gastropodes

Familia: Helicidae

Género: Helix

Espécie: Aspersa

Ele tem dois sinónimos recentes: Cantareusaspersus, AspersumCornu

POR QUE OS GOLFINHOS DORMEM COM UM OLHO ABERTO?


O sono dos golfinhos é um mistério! Além de terem várias formas de dormir (boiando ou escorados em outros golfinhos em movimento), existe o tipo de sono que mais impressiona os cientistas: dormindo pela metade.

Os golfinhos são capazes de descansar uma metade de seu cérebro, deixando a outra metade ativa, e fazê-lo alternadamente para descansar um lado cada vez. Por exemplo, se o golfinho está com o hemisfério esquerdo do cérebro "desconectado", o olho direito não pode ver. Por isso que os golfinhos dormem, muitas vezes, com um olho aberto e o outro fechado.

Importante você saber: Os golfinhos são animais cetáceos, pertencentes a família Delphinidae.

Para que servem animais como barata, mosquito e formigas e lagartixas?



Mesmo os animais que parecem insignificantes ou repugnantes para algumas pessoas têm sua importância, pois fazem parte de uma complexa cadeia alimentar. Mas também não seria o fim do mundo se algum dos bichos citados acima sumisse do planeta. Não haveria um desequilíbrio ambiental desastroso. "Existem tantos insetos na Terra que, se uma espécie for extinta, ela será substituída por outra para desempenhar o mesmo papel", afirma o biólogo Odair Bueno, do Centro de Estudos de Insetos Sociais da Universidade Estadual Paulista (Unesp). E um desses papéis, claro, é o de atazanar um pouco a nossa vida. Bichos como baratas, mosquitos e formigas desenvolveram um convívio tão íntimo com o homem que se transformaram em verdadeiras pragas urbanas. "Eles desempenham uma ferrenha competição com os humanos ao utilizar os mesmos alimentos e até nossos detritos", afirma o biólogo.

Fim de espécies impopulares traria mais problemas na natureza.

BARATA

O problema depende das baratas a ser eliminadas. As urbanas não fariam mesmo muita falta. Mas a gente nem imagina que as baratas que vivem na natureza têm uma função importante: elas se alimentam de restos de animais, excrementos de aves e material vegetal em decomposição. E essas atividades são essenciais para manter a floresta viva.

MOSQUITO

"Nas cidades, a eliminação dos mosquitos não teria maiores conseqüências", diz o entomologista Delsio Natal, da Faculdade de Saúde Pública da USP. Porém, se os mosquitos silvestres sumissem, a cadeia alimentar de certos peixes que comem suas larvas seria impactada. Ou seja, poderia haver menos peixe de água doce pra comermos.

LAGARTIXA

O desaparecimento delas talvez causasse uma superpopulação de mosquitos, moscas e outros insetos que infernizam nossa vida, mas que fazem parte do cardápio das lagartixas. "Mas seriam alterações ambientais localizadas e passageiras", afirma o biólogo HussamZaher, do Museu de Zoologia da USP.

FORMIGA

Elas atuam como jardineiras da natureza: escavam o solo, ajudam a ventilá-lo e espalham sementes. Além disso, comem animais vivos e mortos. "As formigas estão entre os principais predadores de outros insetos. Se fossem extintas, com certeza aumentaria a população deles, com reflexos negativos para o homem", diz Odair Bueno.